Algumas semanas atrás o algoritmo do Spotify acertou. Durante uma playlist aleatória - geralmente escolho uma música e vou para a rádio dela - começou a tocar “To Let A Good Thing Die”, do Bruno Major. Os pelos da minha nuca se eletrizaram com aquela melodia no piano, e logo o primeiro verso me arrebatou:
“You can’t ask a tree to blossom if it isn’t Spring”
“Você não pode pedir que uma árvore floresça se não for Primavera”
Ultimamente tenho me sentido atraído ao passado - mais que o habitual. Minha mente me joga em lembranças, cujas imagens foram tratadas e editadas pela equipe audiovisual da nostalgia. Trilha sonora e tudo.
“Life isn't like the movies
But it sure will make you cry”“A vida não é como nos filmes
Mas com certeza vai te fazer chorar”
Pessoas, lugares, tudo pulsa em lampejos quando fecho os olhos. Sinto falta de algo que não sei bem dizer o que é, mas que não sinto no presente. Respiro e cato no agora todas as coisas boas que têm acontecido, tudo pelo que passei e aprendi. Mas a sensação continua lá.
A pandemia deixou cicatrizes em cada um de nós. As minhas não são as mais terríveis, tive muita sorte. Mas cada um sabe a dor que carrega dentro de si.
Muitas coisas, boas e ruins, foram embora. Partes de mim se foram com elas, e algumas dessas partes eram mais… mais vivas, sabe? Mas toda cicatriz é uma lembrança que a vida pode crescer de novo. Viver deixa marcas.
“Stop wishing for forever
'Cause nothing ever lasts”“Pare de desejar o eterno
Pois nada é para sempre”
Não tenho uma mensagem final, uma moral da história, para fechar este texto. É muito maior que eu para que consiga expressar em palavras. O que se passa dentro de mim dificilmente será o mesmo que se passa aí, dentro de você. Mas, no fim, talvez seja a mesma coisa.
“No use prayin' for your younger days
If you're running out of time”“Não adianta pedir por sua juventude
Se o seu tempo está acabando”
No fim das contas, são os ciclos. Os eternos ciclos da vida. Maré alta e baixa. Todas as ondinhas que salpicam nossa perna no verão congelam no inverno. Inevitável como o pôr-do-sol.
“Sometimes it's time to let a good thing die”
“Às vezes é hora de deixar uma coisa boa morrer”
E há beleza nisso, não acha? Como uma árvore, deixamos nossas folhas para trás, e novas folhas nascem na Primavera. Aquela árvore que você vê na rua hoje não será a mesma que verá amanhã.
Com a nova estação chegando aí (no dia 23 de Setembro começa a primavera), nada mais justo que sacudir nossos galhos e abrir espaço para as flores.
Às vezes é hora de deixar uma coisa boa ir embora - para que outra floresça em seu lugar.
💫Elos Paralelos
A
escreveu esse texto lindíssimo sobre luto, memórias e IA
Saiu o teaser do novo filme do Hayao Miyazaki, “The Boy And The Heron”, e parece que fala sobre morte, vida e recomeços.
Num sei, só sei que tô assim AAAAA 😍Falando em Miyazaki, parece que The Boy And The Heron não vai mais ser seu último filme.
Segue um trecho da matéria:
Segundo o jornalista Eli Glasner, da CBC News, Nishioka (vice-presidente do Studio Ghibli) não só disse que The Boy and the Heron não é o último filme de Miyazaki como também afirmou que "ele está chegando ao escritório com novas ideias".
Olha, eu pessoalmente acho que o cara merece um descanso, depois de tantos anos e de tantas obras-primas. Mas não vou mentir: se ele está com disposição, pode mandar mais filme!
Eu é que não vou reclamar.
📚Estou lendo
… A Maçã no Escuro, da Clarice Lispector, e me sentindo numa viagem psicodélica. Ainda não tenho muito o que dizer, mas o próximo texto será sobre uma profecia que ela faz no começo do livro.
Assina a news para não perder! 🙂
Também estou lendo Madame Bovary, e aproveitando a viagem pela França, já que na vida real não sei quando isso vai acontecer.
🚀Para fechar
Qual seu filme favorito do Studio Ghibli? Responde aí nos comentários.
Até já!
Leo, querido! Que delícia seu texto. Cada vez mais tenho certeza de que a natureza é a melhor professora que podemos ter. As árvores não se negam a perder as folhas, e também não apressam o florescer. Que a gente consiga aprender com elas sobre os tantos tempos que temos e vivemos.
E obrigada por mensionar meu texto <3 Fico feliz que tenha gostado!